Levantamento do Rally da Safra aponta produtividade 35% menor do milho em MS

27, Jun de 2021

No dia 24 de junho o Rally da Safra divulgou os dados referentes ao milho safrinha para o Mato Grosso do Sul e outros estados em uma live dirigida por André Pessôa, CEO da Agroconsult, que conversou com os líderes das principais cooperativas do Centro-Sul sobre os resultados. O representante de MS foi o presidente da Copasul, Gervasio Kamitani, que falou sobre os dados colhidos pela equipe do Rally nas principais regiões produtoras do Brasil. No Mato Grosso do Sul, segundo o levantamento, a produção deve ser 35% menor, mas ainda não considerou o frio intenso desta semana.

Depois de uma safra de soja bastante produtiva, a falta de chuva e o plantio tardio trouxeram problemas importantes para os produtores de Mato Grosso do Sul, como a exposição maior ao risco de geadas, como a que aconteceu nesta semana. No Mato Grosso do Sul, a equipe do Rally da Safra percorreu lavouras desde Costa Rica descendo até Naviraí e ficou constatado que o maior problema foi o plantio, semelhante ao da safra anterior, mas muito mais impactado pela falta de chuvas com veranicos de até 70 dias em algumas áreas.

Segundo o relatório, quando as chuvas voltaram, muito milho havia pendoado sob tempo seco resultando em lavouras de baixo porte e muitas espigas com pouco ou nenhum grão. Ainda segundo a estimativa, MS pode deixar de colher algo em torno de 10% das áreas plantadas. A produtividade das áreas que foram plantadas a partir de março ainda dependem de chuvas e podem ser prejudicadas por geadas e a baixa luminosidade devido ao plantio tardio. Com o frio desta semana, fica a expectativa para analisar o impacto.

A média de produtividade, segundo o Rally da Safra é estimado em 54,5 sacas por hectare, 35% menos que a safra anterior (quando foram 84,3 sacas por hectare). O presidente da Copasul Gervasio Kamitani reiterou o fato de haver um mês de atraso e depois muito tempo sem chuva para a safra e lembrou ainda as chuvas de granizo enfrentadas por alguns produtores no final de maio que destruiu algumas lavouras, e agora a espera pela definição da geada, que veio forte.

O Rally da Safra aconteceu pelo 18º ano seguido e tem objetivo de percorrer as principais cidades e regiões produtoras de soja e milho. A divulgação do calendário do próximo Rally será feita assim que o plantio da soja iniciar. Na passagem pelas lavouras do Mato Grosso e Goiás os pesquisadores ficaram impressionados com a quantidade de cigarrinha e fumagina nas lavouras amostradas.

No geral, a etapa milho do Rally da Safra 2021 chegou ao fim com uma estimativa de produção de 65,3 milhões de toneladas no Brasil, já apresentando uma queda de 900 mil toneladas desde que as equipes técnicas começaram a avaliar as lavouras, mas ainda aguardando os danos das geadas que acabaram atingindo o sul do país uma semana depois dos resultados apresentados. Quando começou o Rally foi para a estrada esperando encontrar áreas bastante prejudicadas pela estiagem que variava de 40 a 70 dias em algumas regiões. Os dados coletados em campo confirmaram essa expectativa.

Segundo os dados da Agroconsult, a falta de chuva de março em diante cobrou um preço alto em algumas regiões. As produtividades médias projetadas em 58,0 sacas por hectare no Paraná e em 54,5 sacas por hectare no Mato Grosso do Sul, são as mais baixas desde 2008/09. Em relação à safra passada, as quebras também são expressivas em Minas Gerais (56,6 sacas por hectare, 41% abaixo da safra anterior), Goiás (67,8 sacas por hectare, queda de 35%) e São Paulo (60 sacas por hectare, redução de 18%).

Poderia, no entanto, ser pior. Com exceção do Paraná e do Mato Grosso do Sul, na maioria dos estados o desempenho das lavouras deve fechar a temporada em patamares superiores aos de 2015/16, outra safra marcada pela falta de chuva. Além disso, os resultados do Mato Grosso ajudam a limitar a quebra de produção no geral. A estimativa para a produtividade média no estado é de 94,5 sacas por hectare – 14% abaixo da safra anterior, mas longe de ser um desastre.